Subsecretária de Ciência e Tecnologia para Amazônia, do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCTI), do governo federal, Tanara Lauschner foi a entrevistada nesta quarta-feira (27), do Podcast Ciência na Prática, apresentado pelo professor Dr. Allan Rodrigues, diretor da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC), da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).
Pesquisadora e professora do Instituto de Computação (Icomp-UFAM), Tanara Lauschner disse que a missão da subsecretaria é de “definir políticas públicas para a ciência e tecnologia na região Amazônica” e atuar como articuladora entre institutos de pesquisa, empresas e fundos de investimentos em ciência e tecnologia. De acordo com ela, esse é um caminho para resultar o desenvolvimento social na região.
Entre as dificuldades para o campo na Amazônia é a falta de recursos humanos, segundo Lauschner.
Conforme explicou a subsecretária, é preciso aumentar a formação de pesquisadores de Ciência e Tecnologia na região.
“É muito difícil que a gente consiga atrair pessoas de fora da região pra região Amazônica, principalmente em algumas áreas. Na minha área de computação é muito difícil você conseguir trazer pessoas de outros estados pra pesquisar, pra estudar e pra se fixar aqui na região. Então eu penso que um caminho que deve ser atacado é a formação das pessoas da região”, declarou.
Ela destacou também o papel da Ufam na missão de formar novos profissionais e pesquisadores, com “um papel fundamental, inclusive na cooperação com outras instituições”.
Por mais mulheres na Ciência
Sobre a participação das mulheres na Ciência, Tanara Lauschner, ressaltou a ministra de Ciência e Tecnologia, Luciana Santos como primeira mulher negra no comando da pasta que é “muito preocupada em que o MCTI pode fazer para aumentar a participação de mulheres na Ciência”.
“Esse olhar pra que a gente tenha a inserção cada vez maior de mulheres, ele está sendo feito. O próprio CNPQ está vendo algumas políticas de avaliação de projetos, de avaliação de bolsas de produtividade, fazer com que as mulheres participem mais”, destacou.
Ela também pontuou sobre o preconceito velado quando você não percebe que as mulheres tem que ser convidadas também para compor os espaços voltados a produção da ciência.
Projeto Super
Criado por Tanara Lauschner, o projeto Super que atualmente é coordenado pela professora Fabíola Nakamura (Icomp-UFAM), surgiu a partir de demanda da empresa Samsung, instalada no Polo Industrial de Manaus (PIM), de construir projetos para aumentar o número de pessoas formadas na área de tecnologia.
Ela explicou que o projeto vai além da parte técnica, visando atender também a parte social com a oferta de bolsas para os acadêmicos de 11 cursos envolvidos no Super, principalmente aos alunos de baixa renda.
“A gente tem lá duas modalidades de bolsas, pra alunos que estão entrando, alunos até a metade do curso e alunos da metade pro final do curso. Os alunos que estão entrando, a prioridade do curso é para alunos de baixa renda. A gente não olha coeficiente, a gente não verifica o desempenho acadêmico para receber a bolsa. Claro que uma vez que o aluno tem a bolsa, ele tem alguns critérios a seguir pra se manter no projeto, porque muitos alunos abandonam a universidade”, explicou.
A professora também disse que há formação em inglês, realizada pela área de Letras e Libras, integrada ao projeto, além da popularização da ciência, em parceria com a FIC-UFAM.
Segundo ela, essas iniciativas são uma estratégia para evitar a evasão dos alunos, que por inúmeras dificuldade deixam a universidade e vão para a iniciativa privada.
Além disso, Lauschner destaca que o projeto não quer só a melhoria de quem faz parte do projeto, mas de todos os cursos da universidade.
Política e a ciência
Foi dentro do movimento estudantil na Universidade Federal do Amazonas que Tanara Lauschner conheceu o PCdoB, onde é filiada até hoje.
Ela define sua relação entre o espaço acadêmico como pesquisadora e a de militante dentro do partido.
“A militância política, eu sou filiada ao PCdoB há muitos anos, e eu aprendi muito dentro do PCdoB. Eu aprendi a respeitar a opinião dos outros, a gente trabalhar coletivamente”, disse.
A partir disso, a pesquisadora contou como o aprendizado no partido influenciou em sua vida como uma liderança.
“Eu tive a sorte de entrar no Instituto de Computação como professora, onde eu encontrei pessoas que são muito comprometidas em fazer o seu trabalho melhor dentro da universidade. Muito comprometidas também com essa melhoria do coletivo”, disse.
Por fim, ela disse ser um privilégio de conviver com pessoas dentro do PCdoB, da Universidade e do Ministério de Ciência e Tecnologia que pensam em prol do coletivo.
Confira na íntegra a entrevista no Canal do Portal da Ciência:
Foto: Gleilson Medins/FIC-UFAM
Uma resposta