Por Gabriel Ferreira
Lembro que foi em março de 2020, no início da pandemia da covid-19, acabei infectado pelo novo coronavírus. Naquele período eu não sabia se estava realmente com a doença. Eu acompanhava diariamente as recomendações para evitar a proliferação, os cuidados para não ser infectado e o que fazer caso viesse a sentir os sintomas.
Passamos a viver reclusos, tomando todas medidas protetivas possíveis, pois as duas pessoas que eu estava morando naquele momento era minha sogra idosa e minha namorada. As duas faziam parte do grupo de risco da doença, conforme havia determinado o ministério da Saúde. Por isso vivíamos sob tensão e alerta. Não tinha como evitar.
Mas acredito que demos algum deslize, e eu acabei pagando por isso, mas não por negacionismo e sim por descuido. Lembro de todos os sintomas que senti quando de fato fui abatido pela covid.
Vivi uma noite angustiante, de calafrios, febre alta, dor de cabeça e no corpo, diarreia. Mal consegui dormir, com medo de morrer e cheio de incertezas sobre em que ponto eu chegaria com aquela doença afligindo meu corpo e mente. E eu ainda pensava no caos que se instalava na rede hospitalar pública e privada. Eu precisava melhorar e sair daquela situação.
Só sei que no dia seguinte, os calafrios e a febre cessaram, mas perdi o olfato e paladar. Uma sensação horrível. Nunca imaginei um dia ter aquele tipo de sensação.
Sem um protocolo certo para tratar a doença, fiz uso de antibióticos para amenizar. Jamais usei remédios sem eficácia contra a covid, como muito se propagou pelo presidente da República negacionista e seu rebanho. Se tem algo que não sou é tolo e negacionista. Ainda bem que a minha convivência durante esse período foi ao lado de pessoas sensatas, inteligentes e que acreditam na ciência. Sempre tive muita fé e esperança da vacina chegar. E chegou, mas vou falar sobre isso mais a frente.
Enquanto ainda não tínhamos coisas boas no horizonte, era o jeito esperar e confiar na ciência e pedir misericórdia de Deus ante tudo que estávamos vivendo.
Ainda mais eu, que vivi intensamente aquele março de 2020. Aconteceu de tudo, conforme já escrevi em alguns artigos anteriores.
Meses depois de tudo isso, eu fiz um exame de sangue em uma clínica particular de Manaus. E foi assim que descobri ter sido infectado pelo coronavírus. Poderia ter feito bem antes, mas o medo de sair de casa me bloqueou. Era um misto de emoções, não sabia muito o que fazer.
Foi difícil e muito desafiador! Mas graças a ciência e o bom trabalho de informação e apuração jornalística tivemos uma luz para nos guiar no meio do negacionismo. E assim seguimos. Eu segui, e estou aqui vivo compartilhando esta história para que nada disso se perca e de alguma forma isso possa lá na frente nos ajudar a perceber de fato tudo o que passamos na pior pandemia da história da era moderna.
Foto: Gabriel Ferreira