Telessaúde: a inovação dos cuidados médicos

Por Kamilly Dias e Milena Monteiro*

A Amazônia, conhecida por sua vasta floresta tropical e seus rios extensos, estabelece uma barreira geográfica que dificulta o acesso a serviços básicos, como os de saúde. Mas imagine poder consultar seu médico sem sair de casa, receber orientações especializadas mesmo em regiões remotas e
monitorar sua saúde em tempo real.

É nesse cenário que a telessaúde surge como uma inovação que combina tecnologia avançada com atenção humanizada. Mas como essa transformação realmente funciona? Apesar dos desafios, essa é uma realidade que vem se tornando promissora e ganhando cada vez mais espaço na região amazônica.

A telessaúde já vinha sendo utilizada há alguns anos no Brasil, mas foi com as medidas de distanciamento social durante a pandemia de COVID-19 que esse sistema ganhou mais espaço. Com a prestação de serviços à distância, a telessaúde utiliza as Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) para ampliar o acesso das pessoas aos profissionais de saúde.

Elaine Feitosa já utilizou esses serviços e destacou que o custo-benefício é um dos pontos positivos: “No valor financeiro, o custo é bem menor, e a duração da consulta costuma ser maior”. A telessaúde também compreende atividades como teleconsulta, telediagnóstico e até mesmo o uso de IAs e robôs para a
realização de cirurgias.

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Tecnologias na Telessaúde

Considerando que o mundo ao nosso redor está em constantes evoluções tecnológicas, como a tecnologia, em conjunto com a medicina, se associou para a criação desse sistema? O professor doutor em Engenharia da Computação do Instituto Federal do Amazonas (Ifam), Alyson de Jesus, ressaltou que “a área de saúde tem evoluído, a parte diagnóstica tem evoluído, porque essas áreas, que são elétrica e computação, também têm evoluído”.

Para ele, os avanços tecnológicos estão inteiramente ligados a outros setores, por conta da disponibilidade de plataformas, programas, aplicativos e outras formas que a área de TI pode proporcionar de inovação digital.

Para tudo funcionar, é necessário trabalho em conjunto, pois todos os setores têm suas limitações.

“É importante deixar bem claro sobre o diagnóstico. Nós somos da área de computação, nós precisamos de um profissional especialista da área de medicina, porque, por exemplo, a gente está trabalhando com o nosso algoritmo, com a nossa máquina, ela indica que aquilo ali é um diagnóstico de câncer, mas aí o profissional diz ‘não’, que vai ensinar a máquina a aprender. Ela precisa aprender para que possa fazer o
processo de inferência”, afirmou Alyson.

A partir da linguagem de processamento natural (NLP) e da Internet das Coisas (IoT), a coleta de dados com base no comportamento humano pode ser realizada via celular ou relógio (smartwatch). Isso inclui o monitoramento da frequência com que uma palavra é digitada, do quanto você anda, come, deita,
e do tempo que você passa sentado ou em pé.

Todos esses dados geram padrões que são armazenados e utilizados como base para análise. De forma semelhante, um monitor multiparamétrico é capaz de registrar nossos sinais vitais, como pressão e batimentos cardíacos, entre outros.

Para processar todos esses dados e informações, é necessário um dispositivo robusto, o que explica a demora em muitos segmentos tecnológicos.

Atualmente, esse processamento é feito através da nuvem, um método de armazenamento de dados via internet que é teoricamente seguro, protegido e funcional.

Com todos esses acessos via internet, uma nova questão surge quando se trata de compartilhamento de dados. A internet, embora seja uma ferramenta poderosa que facilita o acesso a informações e conecta pessoas através de redes sociais, também possui um lado sombrio. A dark web é um exemplo claro disso, sendo um ambiente onde ocorrem atividades ilegais, como o tráfico de órgãos. Se os dados de laudos médicos caírem em mãos erradas, isso pode representar um risco significativo. Dessa maneira, a Lei
Geral de Proteção de Dados (LGPD) não só garante a proteção dos direitos de privacidade dos cidadãos, como impõe às empresas e profissionais de saúde a responsabilidade de implementar medidas de segurança eficazes para proteger as informações dos pacientes.

Outro desafio a ser superado é: “no contexto local, o que dificulta o desenvolvimento dessas tecnologias, assim como sua incorporação localmente, é primariamente seu alto custo. Quando você para, pensa, avalia o custo-benefício, você vê que as tecnologias se pagam. Contudo, o retorno é a médio e longo prazo, e moldar a mentalidade, tanto nas universidades quanto na política, é importante para se ter noção dos benefícios”, complementa Matheus Vinicius, vice-presidente da Liga Acadêmica de Cirurgia Robótica e Inovação (Lacri).

As tecnologias emergem de forma a contemplar mais e mais a área da saúde. O futuro da telessaúde na Amazônia é promissor. Com o apoio contínuo em infraestrutura e capacitação, essa modalidade não apenas irá melhorar os cuidados de saúde, mas também transformar positivamente a vida das pessoas
na região.

Investimentos em conectividade digital, treinamento de profissionais de saúde e adaptação cultural são essenciais para ampliar o impacto da telessaúde e garantir que todos tenham acesso a cuidados médicos de qualidade, independentemente de sua localização geográfica.

No entanto, está cada vez mais explícito que este é um meio para salvar vidas, utilizando esses recursos com auxílio para diagnósticos através das diferentes métricas que são utilizadas dentro da IA. Ajudando até na qualidade de vida de uma pessoa, como? Tendo machine learning e sensores (IoT) como
aliados, podendo identificar antecipadamente e analisando dados de forma precisa e rápida por meio dos monitoramentos vitais e comportamentais, identificando padrões e anomalias que podem passar despercebidos em análises habituais.

Reduzindo também custos no sistema de saúde com automação dos processos, uso da robótica em cirurgias, monitoramento remoto, diminuição de filas em hospitais, e redução de internações prolongadas, além de reduzir os recursos dos hospitais. Ao mesmo tempo, instigando uma troca contínua na educação dos profissionais da área da saúde para que se mantenham atualizados quanto a novos métodos, independentemente de suas localizações, sendo fundamental para manter a qualidade. Por fim, essa inovação constante é indispensável para melhor atender às crescentes
necessidades da população em busca de qualidade de vida.

*Reportagem produzida pelas acadêmicas do curso de Jornalismo da Faculdade de Informação e Comunicação (FIC-UFAM), sob orientação da profa. Dra. Cristiane Barbosa.

Fotos: Divulgação

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