Projeto da FCA-Ufam promove mudanças na vida dos produtores rurais do AM

Por Luís Castro*

O projeto de extensão Fertilidade de Solo do Amazonas (Fertiamazon), coordenado pelo prof. Bruno Pereira e por Victor Rabelo, tem promovido mudanças na vida de produtores rurais do estado do Amazonas. Vinculado à Pró-Reitoria de Extensão (PROEXT – UFAM), as atividades são realizadas com autossustentação financeira.

Desde 2014, o Fertiamazon realiza análises de fertilidade dos solos de diversas regiões do estado, na busca de melhora na produtividade agrícola, e contribuição com a preservação ambiental.

O trabalho realizado no Laboratório de Solos da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (FCA/Ufam) tem como objetivo orientar produtores rurais sobre o manejo correto de fertilidade de solos, a partir de análises qualitativas.

Amostras de solo. Foto: Luís Castro

Em entrevista ao Portal da Ciência, o coordenador do Fertiamazon explicou sobre a importância do projeto.

“Eu costumo fazer um paralelo. A análise de fertilidade do solo para o produtor rural é como um exame de sangue para uma pessoa doente. Quando a pessoa está doente, ela faz exames e verifica qual medicamento ela precisa. Para o produtor rural, similar a isso, com o resultado da análise de solo, ele vai ter uma série de parâmetros em mãos. Ele vai saber quais insumos corretivos vai aplicar no solo. É a principal ferramenta tecnológica para definir as doses e manejo correto da fertilidade do solo”, afirma Bruno Pereira.

Impactos sociais e econômicos

Os impactos das análises de fertilidade vão além da melhoria na produtividade e rentabilidade agrícola. Os efeitos se estendem também às esferas social, econômica e ambiental. 

O coordenador do Fertiamazon explica que o projeto contribui para a transformação de vida dos produtores. “Se essas pessoas conseguem produzir mais em uma área menor, elas trabalham menos e a qualidade do que elas colhem melhora também. Esse impacto social é muito importante”, destaca o pesquisador.

Além disso, ele explica ainda que grande parte dos solos do estado do Amazonas têm baixa fertilidade e que a falta de conhecimento de técnicas incentiva o desmatamento. “Se eu uso a tecnologia correta, eu aumento o rendimento nessas áreas e por consequência, acabo por preservar a floresta”, afirmou.

Com a orientação correta acerca do cultivo, baseada nas análises realizadas, a produção e renda das plantações podem dobrar ou mesmo triplicar, de acordo com o coordenador do projeto.

Pesquisa apresenta dados inéditos

O trabalho de conclusão de curso da finalista do curso de Agronomia, Carla Brito, apresenta dados inéditos sobre as culturas agrícolas no Amazonas.

Em sua pesquisa, realizou um levantamento de dados através das amostras de solo analisadas no laboratório no período de 2014 a 2022, com o objetivo de identificar as principais culturas agrícolas.

Com mais de 5 mil amostras de solo analisadas de diversas regiões do Amazonas, os resultados da pesquisa de Carla apontam para um novo cenário de culturas no estado, uma vez que se identificou que mais da metade das culturas são frutíferas. “Nós analisamos separadamente cada cultura e frequência. Foram mais de 60 espécies agrícolas estudadas durante todo esse período e observamos a pastagem, o açaí, citrus e a banana com mais frequência”, descreve.

Os frutos inéditos deste trabalho podem contribuir com a formação de novas políticas públicas, uma vez que não só trazem um novo panorama da produção agrária do Amazonas, mas também revelam dificuldades logísticas para o envio de amostras. “Áreas com maior acesso logístico (como Manaus e região metropolitana) têm mais demanda, pois estão mais próximas a rodovias, enquanto o resto do estado enfrenta dificuldades para enviar amostras, mesmo com casos extremos de amostras percorrendo 3 mil quilômetros pelos rios. Há demanda, mas barreiras logísticas”, destaca Bruno Pereira a cerca da importância do trabalho de Carla.

“O trabalho da Carla tem um grande brilho por isso. Nós não tínhamos noção até então do número de culturas, de onde vinham essas amostras no estado, de onde vinha mais ou menos, quanto tempo demora para chegar até aqui. O trabalho dela revelou números espantosos para a gente. São dados robustos, que a propósito, acredito que nem os órgãos responsáveis possuem. Foi uma grande surpresa para nós”, conclui Bruno.

Sobre o laboratório

O Laboratório de Solos é aberto para receber produtores rurais, e está localizado no bloco 2 da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas, em Manaus. Confira abaixo:

*Repórter do Portal da Ciência (Supervisão do prof. Me. Gabriel Ferreira)

Foto: Luís Castro

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