Por Gabriel Ferreira
No site que trabalho temos dois grandes grupos de WhatsApp para compartilhamento das matérias produzidas pela equipe que atua em homeoffice. Durante os períodos mais duros da pandemia da covid-19, um deles ficou mais agitado.
Foi nesse espaço virtual onde a raiva mais me consumiu ao acompanhar toda aquela movimentação de dois sujeitos que eram os piores. Sim, eram homens, pais de famílias, imaturos e negacionistas. Eles negavam tudo além da ciência. Eles eram os tios do Zap.
O pior deles tinha em seu usuário a alcunha “Deus no comando”. Por sinal, isso virou tema de bolsonarista raiz, daqueles que usam a foto no perfil, tirada dentro de um carro, com o fundo estourado, óculos escuro e semblante sério. Muito fácil identificar. Tanto é que virou piada.
No entanto, apesar desse perfil, o tal Deus no comando escondia o rosto, escondia o seu nome e nunca disse com todas as letras o que fazia da vida. Ele tinha o prazer de atacar a única mulher petista do grupo que se manifestava contra suas mensagens preconceituosas.
Se dizia cristão conservador, defensor da família, acima de tudo era empresário, com restaurante, entre outros negócios que eu sinceramente nunca acreditei, até porque nunca provou nada. E como sabemos, esse tipo de gente vive uma realidade distópica, então lá eles tudo podem e fazem. Mas no fim se dão mal, como em Black Mirror. Quem ainda não assistiu, recomendo.
Aliás, uma das coisas que mais me deixou surpreso foi ele dizer que era um profissional da saúde, com experiência em unidades hospitalares de Manaus. Não sei se chegou a trabalhar na pandemia. Uma vez postou uma foto no grupo de seu registro. E foi só.
Uma coisa deixo bem claro, esse indivíduo existe, por mais absurdo que pareça. Cuidado. Se encontrar alguém com essas características por aí se afaste. Pode ser contagioso.
O outro, parceiro do Deus no Comando, queria se mostrar intelectual, dizia ser empresário, que não era bolsonarista. Em 2022, dizia que ia votar no candidato do partido Novo à presidência. Não durou nem o primeiro turno essa promessa. Típico da hipocrisia da extrema-direita.
Esse tinha um pouco de coragem, mostrava seu nome, todo mundo via sua foto. Aos poucos passei a monitorar as mensagens desse indivíduo negacionista no grupo, não por implicância, mas para evitar o entulho desinformacional propagado por ele. Durante minhas pesquisas para saber quem era o sujeito, descobri seu passado fracassado na política manauara. Disputou uma eleição e perdeu. Depois disso deve ter ficado traumatizado que passou a escrever textos como cientista política em uma fan page. Aliás, os textos são deprimentes.
Talvez acredite na falsa equivalência sobre ciência e opinião. Algo absurdo de se pensar, mas no universo dos negacionista é assim que funciona. Eu mesmo já caí no erro de tentar conversar com alguém desse meio. Um conselho, não faça isso.
Para terminar aqui esse testemunho agoniante, o falso intelectual metido a cientista político chegou a querer debater sobre a mensagem de Lima Barreto em sua obra “O Triste Fim de Policarpo Quaresma”. Primeiro, ele acreditava que o Major Policarpo realmente existiu. Agora soa bem engraçado, mas quando li a primeira vez sua mensagem eu fiquei perplexo com tal absurdo. Por aí você imagina, se ele não consegue interpretar o que lê, imagina como é a vida do indivíduo. Deve ser daqueles que leva tudo ao pé da letra.
Mas em nada isso me surpreende, nós sabemos como é que funciona a cabeça de um negacionista. E o pior deles são os do zap zap.
Antes de compartilhar qualquer coisa, faça uma checagem primeiro. Cuidado hein! Compartilhar fake News é crime.
Foto: Nando Motta