Rio Uaicurapá é lar de uma nova espécie de alga em Parintins

Por Anne Karoline Menezes*

Uma nova espécie de alga foi detectada no rio Uaicurapá, em Parintins (AM), destacando a importância da preservação ambiental em áreas de águas ácidas da Amazônia. A Actinella cordiformis coelho (nome científico da alga), descrita por pesquisadores do  Instituto de Ciências Sociais, Educação e Zootecnia da Universidade Federal do Amazonas (Icsez/Ufam) ganhou espaço na revista internacional Fottea de grande renome na área. 

O estudo também trouxe à tona a Actinella gessneri Hustedt, uma espécie amazônica encontrada na bacia do rio Tapajós, desde 1965 não mais observada, agora encontrada novamente no rio Uaicurapá. Esse achado foi publicado na revista Phytotaxa, especializada na catalogação de novas espécies botânicas.

A descoberta dessas algas pode ter implicações diretas no monitoramento ambiental da região. De acordo com a professora Angela Lehmkuhl, coordenadora do estudo e docente do curso de Zootecnia, as diatomáceas (algas unicelulares) encontradas são indicadoras de águas preservadas e com baixa tolerância a alterações ambientais.

“A presença dessas espécies sugere que o rio Uaicurapá mantém características ambientais que favorecem a biodiversidade aquática, funcionando como um reservatório natural de espécies sensíveis a poluentes”, afirmou.

O projeto fez parte do Edital 003/2020 Paiter Fapeam e teve como objetivo identificar microalgas com potencial bioindicador da qualidade da água. As coletas ocorreram entre 2020 e 2021, incluindo períodos de cheia e vazante. Os pesquisadores utilizaram redes de fitoplâncton (microorganismo aquático capaz de realizar fotossíntese) e amostras de plantas submersas para mapear as espécies.

Além da relevância científica, o estudo contribuiu para a conservação de ambientes aquáticos amazônicos, que sofrem crescente pressão devido às atividades humanas. “A identificação dessas espécies pode orientar políticas de gestão ambiental, garantindo que os rios como o Uaicurapá continuem a exercer seu papel ecológico na manutenção da biodiversidade aquática”, destacou a pesquisadora.

O estudo contou com a colaboração de instituições internacionais, como a Universidade de Colorados (EUA), a University of Antwerp (Bélgica), o Herbário de Viena (Áustria) e Universidade Federal do Paraná (UFPR), além da participação do egresso do curso de Zootecnia João Marcos Coelho e da estudante de iniciação científica Camila Carime. ”Nós precisamos envolver esses pesquisadores para conseguirmos acessar materiais históricos e então identificar e nomear essa espécie como nova para a ciência”, acrescentou. A Actinella cordiformis vem sendo apontada como bioindicadora de condições de águas ácidas, pretas e limpas, tendo possibilidade de estar presente em outros rios da bacia amazônica com as mesmas características, como o rio negro, por exemplo.

*Repórter do Portal da Ciência (Sob a supervisão do prof. Me. Gabriel Ferreira)

Foto: Portal da Ciência

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