O primeiro caso de covid no Amazonas

Antes do primeiro caso de covid-19 no Amazonas e até mesmo no Brasil, estava trocando de emprego. Havia pedido de demissão do jornal onde trabalhava como repórter de um caderno de esportes. Tinha certeza do que estava fazendo até porque ninguém gosta de trabalhar muito com salário baixo e com pagamento atrasado.

Na época eu já ouvia falar sobre o vírus que se espalhava pela China, mas que ainda não me preocupava por ser de outro lado do mundo. Ledo engano deste jovem jornalista.

Em março de 2020, antes do primeiro caso da Covid-19 no Amazonas, viajei a trabalho em novo emprego, desta vez fui cobri uma agenda de políticos na tradicional Festa do Leite no município de Autazes. Foi a minha primeira viagem a cidade vizinha.

Para chegar até lá, fui de carona com um dos assessores do prefeito daquele município. A jornada começou com a travessia de 1h de balsa saindo do Porto da Ceasa em Manaus até o município do Careiro da Várzea. De lá, seguimos por mais 1h de carro, até o quilômetro 22 da BR-319, onde partimos pela estrada em direção a Autazes. Antes de chegar de fato no destino, pegamos outra balsa e navegamos por 40 minutos para chegar ao município. Ao chegar, me organizei para cobertura, e fui acompanhar toda atividade que envolvia prefeito, vereadores, deputados estaduais e federais. Um prato cheio para o repórter de política. Pauta não faltou, muito menos produção de matérias. Era minha primeira experiência cobrindo este tema. Confesso que achava um tanto difícil antes de entrar nessa área, mas depois vi que não era um bicho de sete cabeças. E no fim deu tudo certo.

Voltei pra Manaus numa madrugada, após o fim da agenda, também de carona. Missão cumprida.

Tudo que isso que relatei, aconteceu uma semana antes do primeiro caso da pandemia. Porque eu estou escrevendo isso? Porque é a minha última lembrança de como era o mundo antes do “novo normal”. Nunca imaginei que precisaria usar tanta máscara e álcool em gel na vida. Detalhe, foram esses EPIs que ajudaram a nos proteger enquanto lidávamos com um vírus mortal e até então desconhecido, e o negacionismo que já nos rondava.

Vamos ao primeiro caso de covid no Amazonas, que foi registrado no dia 13 de março, onze dias antes do meu aniversário de 24 anos. Conforme noticiado na época, uma mulher que veio de Londres (Inglaterra), chegou infectada pelo novo coronavírus. O marido dela também estava. Não houve condições, o desespero começou ali, por todo que estávamos acompanhando na imprensa mundial, sobretudo em países como China, França e Itália.

A minha lembrança é de sentir medo e angústia. Não tinha como saber o que viria. Até pensava que poderia ser passageiro. Mas nem imaginava o que estava por vir. 

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Foto: Reprodução/ Rede Amazônica

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