Por Ester da Silva*
No curso de Agronomia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), campus de Humaitá, o estudante Ruan Tiago desenvolve uma pesquisa de iniciação científica (PIBIC) vinculada ao Grupo de Pesquisa PaleoInd Amazon Soils, Projeto vinculado ao Programa de Pós Graduação em Ciências Ambientais (PPGCA/UFAM), que investiga a dinâmica ambiental e os impactos socioambientais na região amazônica. O foco do estudo de Ruan é a análise da presença de mercúrio em ilhas fluviais na bacia do Rio Madeira.
A pesquisa partiu da preocupação com o aumento da concentração de mercúrio no solo, devido a atividade garimpeira na região, especialmente na porção do Rio Madeira, onde há exploração mineral do ouro que pode levar à contaminação ambiental.
“Nosso trabalho consistiu em, primeiro, gerar uma hipótese, seria a quantidade de mercúrio que poderia ter naquele solo nessa área do Rio Madeira, que passa em Humaitá. A gente tem a situação mineral do ouro, e essa situação faz ocorrer o acréscimo de mercúrio no solo e na área”, explicou o estudante.
Para testar essa hipótese, a equipe realizou coletas em uma ilha específica do rio. “Fizemos as aberturas de trincheiras, descrições dos perfis, coletas e enviamos para o laboratório”, relatou. Por se tratar de uma análise detalhada, as amostras foram processadas em um laboratório externo, fora da UFAM.

O que surpreendeu os pesquisadores foram os resultados obtidos. “Os resultados derrubaram as nossas teses, que eram de valores muito elevados. Segundo a Conama, tem um valor mínimo para mercúrio no solo, e o valor deu bem abaixo do mínimo”, contou Ruan. A descoberta foi inesperada, principalmente porque a expectativa inicial era de níveis altos de contaminação devido à proximidade com áreas impactadas pela mineração.
“Foi para nós uma grande surpresa, por conta de imaginarmos totalmente ao contrário. Pelo fato de ter grande fluxo de balsa ali naquele lugar, poderia ter valores mais elevados”, disse o estudante.

A pesquisa abre caminho para futuras investigações sobre o comportamento do mercúrio em áreas ribeirinhas e seus impactos ambientais. “Futuramente, pretendemos, em outros trabalhos, dar continuidade nessa pesquisa”, concluiu Ruan.
*Repórter do Portal da Ciência sob a supervisão do prof. Me. Gabriel Ferreira
Foto: Ester da Silva