Por Luís Castro*
Com a intensificação das discussões sobre transição energética na 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 30) em Belém (PA), uma iniciativa da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas (FCA-Ufam) se destaca pelo seu grande potencial: transformar óleo de cozinha usado em biocombustível.
A proposta, coordenada pelo engenheiro químico e professor da Ufam Wenderson Santos, consiste em utilizar um processo de craqueamento termocatalítico – o óleo é exposto a temperaturas entre 400° e 600°C, com o uso de um catalisador de origem natural para acelerar ou melhorar o procedimento.
O resultado é um bio-óleo semelhante ao diesel com impacto positivo do projeto no cenário da transição energética, conforme explicou Santos ao Portal da Ciência.
“O óleo de fritura geralmente é um rejeito que não tem nenhum valor. Além de agregar esse valor, nós melhoramos não só a parte ambiental, mas a sociedade em geral. Na transição energética, o objetivo é inserir a maior quantidade de combustíveis renováveis, e o diesel verde feito desse óleo de fritura se encaixa nesse contexto”, detalhou.
O sucesso do projeto se dá pelas parcerias entre instituições de ensino e pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), a Universidade Federal do Pará (UFPA) e pelo esforço coletivo de pesquisadores pela melhoria da tecnologia.
Vinícius Ribeiro, discente do curso de Engenharia de Alimentos da Ufam, é bolsista de Iniciação Científica no projeto do biocombustível e irá apresentar os frutos do trabalho no Congresso Nacional de Iniciação Científica (CONIC), que será realizado em dezembro deste ano. Para ele, a produção de combustíveis sustentáveis é um grande avanço. “A quantidade de pessoas e empresas que utilizam óleo é muito grande. Se a gente puder aproveitar esse óleo, haveria uma grande redução nas emissões de carbono”, afirmou.
O professor Wenderson Santos, que esteve nas discussões da COP 30, alerta para a necessidade de investimentos em energia limpa, em especial para as realidades localizadas no interior de todo o Brasil.
“A maioria dos países estão em busca dessas energias renováveis e o Brasil, como sede da COP vai investir maciçamente nos próximos anos. A gente espera levar esse conhecimento, em especial para os interiores. Eu sou do interior. A gente sabe que na capital já não é tão fácil, mas é necessário e a gente só vai conseguir isso com investimentos. Precisamos ter essa interconexão entre ciência e as comunidades que vão receber esses benefícios”, concluiu.
Foto: Luís Castro
*Repórter do Portal da Ciência, sob a supervisão do Prof. Me. Gabriel Ferreira






