O jornalismo existe para informar! Um conceito básico face a toda complexidade existente dentro do campo da comunicação de modo geral.
Diante disso, é preciso compreender também o papel do jornalista como agente social e político. Essa função vem a ser uma das mais importantes de toda sociedade, como exemplo, não deixar com que as pessoas esqueçam, que me perdoem os historiadores.
Jornalista não pode deixar que fatos caiam no esquecimento, apesar de tanto trabalho e de não haver por nossa parte um controle do tempo, dos acontecimentos.
Eu escrevo isso aqui como boas-vindas a uma série de artigos de memórias no Portal da Ciência sobre a cobertura da pandemia da covid-19 que eu fiz em um novo modo da prática jornalística: o home-office. Apesar de não parecer tão novo assim, quando eu comecei a trabalhar dessa forma, era uma novidade, mas de fácil adaptação.
E nesse novo formato de fazer jornalismo, decidi a partir da minha visão como profissional do jornalismo, não deixar que nem mesmo as minhas memórias sobre o que vivi e acompanhei como repórter caiam no esquecimento. Infelizmente vivemos um caos. Com políticos de direita do Amazonas que reproduziam o negacionismo do então presidente Jair Bolsonaro, que de Messias (seu segundo nome) não tinha nada. Muito pelo contrário.
Ao acompanhar pela tela do meu celular, do notebook, lives, vídeos e fotos que chegavam no meu WhatsApp para produção de notícias e reportagens sobre a situação da Covid no Amazonas, eu posso definir que tudo parecia um inferno na Terra. Se nós jornalistas não existissimos para combater tanta desinformação, a humanidade estaria perdida. A cada fake News compartilhada, a covid agradecia e os negacionistas aplaudiam sua própria desgraça.
Por isso, é preciso registrar aqui, sem medo nenhum, pois a época de temer alguma coisa já passou. Mas a luta precisa continuar, pois ainda convivemos com esses indivíduos obtusos e indiferentes, em sua maioria alimentados por uma ideologia facista chamada bolsonarismo.
E porque falar em política? Ora, a metrópole da Amazônia, Manaus, deu vitória a Jair Bolsonaro nas últimas duas eleições. Mesmo após ter sido derrotado em 2022 num pleito acirrado contra o atual presidente Lula, no segundo turno, o falso Messias venceu na capital amazonense com mais de 60% dos votos válidos. Não esquecemos do papelão do acampamento golpista em frente ao Comando Militar da Amazônia (CMA). Uma mancha em nossa história.
Uma pena tudo isso, e por isso faz-se necessário não deixar cair no esquecimento a pandemia da Covid-19. Sinto que é um dever moral e profissional. E por isso, estou fazendo isso.
Lamentavelmente, o que vivemos no Amazonas, especialmente em Manaus, têm seus responsáveis com nome e sobrenome. Essas pessoas são responsáveis pelas 14.484 mortes. E tudo partiu da maior figura pública do país, de 2020 a 2022. Aliás, todos os governantes que estavam no poder, como os últimos dois prefeitos de Manaus e o atual governador do estado, subiram no mesmo palanque de Jair Bolsonaro. E saiba de uma coisa, eles deveriam ser responsabilizados.
Houve a CPI da Pandemia, teve até indiciamento, vimos um espetáculo a cada depoimento, brigas de políticos do nosso próprio estado, mostrando a situação que estávamos. Mais adiante vou escrever sobre minhas impressões e memórias das oitivas que precisei assistir por horas para fazer jornalismo. Era cansativo, escutar tanta politicagem. Muitos ali usaram como palanque e conseguiram transformar discurso em voto, pois o país estava um chiqueiro, e os porcos faziam a festa no meio de tanta lama.
De tudo um pouco eu vi nessa crise sanitária que virou sem precedentes por tanto negacionismo e falta de humanidade. Me desculpem por repetir algumas palavras aqui, mas é necessário. E isto é para preparar pelo que está por vir. Pois, são relatos de um jovem jornalista, um sobrevivente, que não quer deixar cair no esquecimento a maior tragédia humanitária vivida por todos nós.
Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
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