Laboratório do ICET-Ufam desenvolve bioinseticida para combate de pragas agrícolas 

Por Larissa Gemaque

Criado com o objetivo de ser um produto menos agressivo à natureza e oferecer uma solução sustentável para o controle de pragas, o “Insetbio ce Natural” é um inseticida e acaricida produzido com substâncias oriundas dos biomas amazônicos. Sua proposta é ajudar os agricultores a controlar insetos e ácaros de maneira que venha causar menos danos as plantações, garantir a proteção das plantas e a qualidade da colheita.  

O produto foi desenvolvido por Tatiane Mota, graduada em Agronomia e mestranda do Programa de Pós-graduação de Ciência e Tecnologia de Recursos amazônicos (PPCTA-Ufam) e sob coordenação do professor de agronomia e pesquisador Geraldo Vasconcelos, no Laboratório de Acarologia e Entomologia Agrícola do Instituto de Ciências Exatas (ICET/Ufam), localizado em Itacoatiara, município da região metropolitana de Manaus.  

Tatiane Mota, mestranda do Programa de Pós-graduação de Ciência e Tecnologia de Recursos amazônicos (PPCTA-Ufam). Foto: Arquivo

De acordo com Tatiane o projeto iniciou na “graduação, com os projetos de PIBIC. Esses projetos foram voltados desde o início para as pesquisas de plantas, de espécies vegetais, desde a coleta, a avaliação, a formulação de extratos e na avaliação da eficiência de cada planta.”  

“No início, nós buscamos várias espécies aqui da região, nativas mesmo, para descobrir o potencial delas, as inseticidas. Então, os primeiros anos se foram. Finalmente, após essa coleta, nós identificamos, então, algumas plantas e pudemos selecionar as melhores. E a partir dessas plantas, nós buscamos aprofundar mais, trabalhando com desenvolvimento desse produto” detalhou o processo. 

Amazon Biotech Agro  

Para viabilizar a produção do bioinseticida, foi fundada a startup Amazon Biotech Agro – empresa de produtos agroecológicos -, com o objetivo de promover sua fabricação em escala comercial. Em 2024, a empresa apresentou o produto na Feira de Negócios Inovadores da Bioeconomia da Amazônia, parte do projeto Jornada Amazônica, realizada em Belém do Pará. Insetbio ce Natural se diferencia dos demais inseticidas e acaricidas por não deixar cheiro desagradável e não causa danos aos organismos benéficos. Isso permite realizar o controle de insetos, pragas e ácaros de maneira mais segura. Além disso, o produto se degrada em até dois dias e não permanece no ambiente — ao contrário de outros produtos químicos, que levam de 12 a 40 dias para se decompor. 

Produto apresentado na Feira de Negócios Inovadores da Bioeconomia da Amazônia. Foto: Arquivo

O professor Geraldo Vasconcelos reforçou a vantagem do inseticida. “Então eles se degradam rápido, não ficam no ambiente. Tipo, eu aplico hoje. Daqui a três dias eu vou vender o produto, suponhamos que apliquei no coentro. Daqui a três dias eu vou vender o coentro. Daqui a três dias ele não está mais lá. Então garante que quem vai consumir, não vai ingerir esse produto”.  

Os desafios entre o laboratório e o campo

Geraldo Vasconcelos também compartilhou o desafio levar um produto do laboratório ao campo. “Nós tivemos o apoio da PROTEC, na UFAM. Mas a PROTEC é uma corretoria muito nova. Então, nós acabamos aprendendo juntos. Mãos dadas e aprendendo, apanhando, errando e acertando. Essa é a parte mais importante, transformar as pesquisas da universidade e levar isso para a população. Portanto, transformar isso em algo que a população possa utilizar”, disse. 

“Mas nós fomos treinados e formados aqui no Brasil para chegar aqui, na pesquisa. Chegou aqui e parou. E como é que eu faço agora para chegar lá na outra ponta, no produtor? Formando uma empresa. Então, nós saímos de zero”, acrescentou o pesquisador.  

Insetbio ce Natural 

O Insetbio ce Natural passou por fases de testes em laboratório e em plantações de agricultores no município de Itacoatiara e demonstrou alta eficiência no controle de pragas. No entanto, devido às limitações estruturais e financeiras, o produto ainda não pôde ser produzido em larga escala. 

Insetbio ce Natural Foto: Arquivo

Apesar disso, Geraldo Vasconcelos permanece confiante no potencial do bioinseticida. “Já demos um passo muito grande. Já chegamos até aqui. Então, está mais próximo do que nunca.” 

Tatiana Mota conclui que, para tornar os produtos mais acessíveis ao agricultor, é fundamental reconhecer a força da natureza como aliada na valorização dos recursos naturais já existentes e na criação de novos compostos sustentáveis. Com essa perspectiva, ela busca dar continuidade à produção do bioinseticida na empresa de produtos agroecológicos e ampliar as soluções sustentáveis disponíveis para o campo. 

*Repórter do Portal da Ciência sob a orientação do prof. Me. Gabriel Ferreira

Foto: Reprodução

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