A COP das Justiças Climáticas

Por Eduarda Santiago e Larissa Gemaque*

Às vésperas da 30° Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), a professora Marilene Corrêa esclareceu em entrevista exclusiva ao Portal da Ciência, questões que serão discutidas no evento diplomático, com a presença de líderes mundiais e delegações internacionais, entres os dias 10 e dia 21 de novembro, em Belém, capital do Pará.

Realizada com o objetivo de avaliar a situação das mudanças climáticas e promover políticas para reduzir a emissão de gases do efeito estufa, a COP é segundo a professora de sociologia e pesquisadora da Ufam, Marilene Corrêa, um encontro muito desejado entre o conhecimento e a sabedoria dos povos.

“É uma reunião, sobretudo, de especialistas, de cientistas, de lideranças, mesmo dos movimentos sociais e de sábios. Nesse momento, quando há um encontro popular com esse grupo de cientistas especialistas, há um encontro que é muito desejado entre o conhecimento e a sabedoria dos povos, das culturas, das etnias e o conhecimento científico, com conhecimento especializado e temático”, afirmou pesquisadora.

Para Marilene, a justiça ambiental e justiça social são mantras que andam juntos uma vez que as comunidades possuem conhecimentos muito claros sobre a política ambiental. E segundo a pesquisadora, as comunidades não se reconhecem mais apenas como “guardiões da floresta e do conhecimento”, mas sujeitos econômicos e políticos que possuem poder nas mesas de negociação.

A pesquisadora ainda avalia esse fator como um ponto de tensão. Quando as comunidades tradicionais, ribeirinhas, indígenas e pescadores sofrem impactos socioambientais, causadas, por exemplo, por energias não renováveis, deixa de ser uma energia limpa e passa a prejudicar o meio ambiente. É necessário desenvolver debates que incluam essas populações durante o processo de decisão, de maneira que seus direitos e modos de vida sejam respeitados e que a natureza receba a devida proteção.

“No momento em que ela traz prejuízo a essas populações que antes eram invisíveis e hoje não são mais, é um ponto de tensão a ser debatido”, explicou Marilene Corrêa.

O que é a “COP da Justiça Climática?”

A chamada “COP da Justiça Climática”, tem se destacado por esclarecer os acontecimentos com mais intensidade, especialmente por ocorrer em um contexto de governo democrático, o Brasil passou a incentivar mais pesquisas. Outro fator que chama atenção, é que a Conferência será realizada na região central da  Amazônia, isso ampliou as possibilidades de consulta e participação em relação às edições anteriores.

A professora Marilene afirmou que não devemos cobrar o que não foi realizado no passado, mas o que acontece agora.

“Você não vai cobrar desta COP o que não foi realizado em vinte e nove COP anteriores, mas dizem que essa é a COP da verdade, é a COP da justiça climática, é a COP em que as coisas foram postas na mesa, porque foi o Brasil que acolheu, e foi um governo democrático que permitiu essa consulta”, ressaltou Marilene Corrêa.

*Repórteres do Portal da Ciência sob a supervisão do Prof. Me. Gabriel Ferreira

Foto: Larissa Gemaque

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