Carta política da Cúpula dos Povos é contraponto a COP-30

Por Eduarda Santiago*

Em um contraponto a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP-30), a Cúpula dos Povos realizada de 12 a 16 de novembro em Belém reuniu mais de 70 mil pessoas de diversos povos e movimentos sociais, e teve como ponto alto a entrega da carta política ao presidente da COP, embaixador André Corrêa do Lago.

O documento que une a sabedoria popular ancestral e a ciência apresenta 15 propostas iniciais e denuncia as “falsas” soluções apresentadas pelo governo na conferência para o enfrentamento da crise climática.

Segundo a carta, “o avanço da extrema direita, do fascismo e das guerras ao redor do mundo exacerba a crise climática e a exploração da natureza e dos povos”, e as classes dominantes são as maiores responsáveis pela crise climática.

A carta declara que os povos indígenas, quilombolas, periféricos, ribeirinhos e negros são os mais afetados pelo descaso do clima, pois estas pessoas estão mais expostas a desigualdade e ausência de infraestrutura.

O feminismo é colocado como um pilar central do projeto político. “Não há vida sem natureza. Não há vida sem a ética e o trabalho de cuidados. Por isso, o feminismo é parte central do nosso projeto político”, reforça o documento.

Após dois anos de realização da Cúpula dos Povos e construção coletiva, a carta deposita 7 afirmações iniciais, onde são apontados o capitalismo, o racismo ambiental, beneficiamento de empresas mineradoras, falsas soluções (TFFF sigla em inglês para Fundo de Florestas Tropicais para Sempre), fracasso de propostas de Conferências anteriores, expansão de produções energéticas como acúmulo de capital e privatização, mercantilização e financeirização dos bens comuns e serviços públicos.

Por fim, a Carta da Cúpula dos Povos lista 15 propostas, entre elas estão:

  • Participação e protagonismos dos povos nas discussões climáticas, valorizando saberes ancestrais;
  • Demarcação de territórios indígenas e outros povos;
  • Combate ao racismo ambiental;
  • Fim de guerras e desmilitarização;
  • Fim da exploração de combustíveis fósseis;
  • Ampliação da proteção de defensores e defensoras de direitos humanos e socioambientais 
  • Taxação das corporações e dos mais ricos

O documento finaliza com ênfase na unificação de pessoas, com organização e luta em cada continente, estaremos no caminho da resistência. “Por fim, consideramos que é tempo de unificar nossas forças e enfrentar o inimigo comum. Se a organização é forte, a luta é forte. Povos do mundo: Uni-vos”, diz o documento.

Clique aqui e leia a Carta da Cúpula dos Povos na íntegra.

Foto: Divulgação

*Repórter do Portal da Ciência, sob a supervisão do Prof. Me. Gabriel Ferreira

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